Suicídio não deve ser visto como um tabu

 
“É para aliviar de vez a minha dor.” Assim o designer Felipe*, de 31 anos, enxerga o suicídio. Um remédio amargo e definitivo contra o sofrimento. Vítima de violência doméstica, abuso sexual e bullying, Felipe, que já recebeu o diagnóstico de depressão, faz parte de uma população negligenciada, porém estatisticamente significativa.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida todo ano – e um número muito maior ao menos cogita ou tenta se suicidar. A morte voluntária já é a segunda maior causa de óbito entre jovens de 15 a 29 anos. São cifras que seguem avançando. Sorrateiramente.
 
“O silêncio em torno do assunto dá a impressão de que ele não é importante ou que simplesmente não acontece”, avalia Teng Chei Tung, médico do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq-USP). Os dados internacionais mostram que a realidade está longe de ser assim. “Existe suicídio desde o início da humanidade. Por ter permanecido como tabu durante séculos, precisamos de muita conscientização para tratá-lo como a questão de saúde pública que de fato representa”, reflete o psiquiatra Humberto Correa, presidente da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio.

O estigma e o tabu relacionados ao assunto são aspectos importantes. Durante séculos de nossa história, por razões religiosas, morais e culturais o suicídio foi considerado um grande "pecado", talvez o pior deles. Por esta razão, ainda temos medo e vergonha de falar abertamente sobre esse importante problema de saúde pública. Um tabu, arraigado em nossa cultura, por séculos, não desaparece sem o esforço de todos nós. Tal tabu, assim como a dificuldade em buscar ajuda, a falta de conhecimento e de atenção sobre o assunto por parte dos profissionais de saúde e a ideia errônea de que o comportamento suicida não é um evento frequente condicionam barreiras para a prevenção. Lutar contra esse tabu é fundamental para que a prevenção seja bem-sucedida.
 

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