Psicose Infantil


Em 1970, Ajuriaguerra na 1ª edição do manual de psiquiatria infantil definiu a psicose infantil como um transtorno de personalidade dependente de um transtorno da organização de eu e da relação da criança com o meio ambiente.

Tradicionalmente os psiquiatras definem o termo psicose como um distúrbio no sentido da realidade. Em contrapartida, numa visão psicodinâmica a psicose seria uma desorganização da personalidade podendo então ser compreendida como uma confusão entre o mundo imaginário e perceptivo na ausência do Ego (Freud), estrutura limitante entre esses dois mundos.
Em 1960, um grupo de psiquiatras britânicos , Na tentativa de conceituar a psicose infantil ofereceu critérios para o diagnóstico da psicose em crianças tais como: 

  • O relacionamento prejudicado com as pessoas,
  • Confusão de identidade pessoal e inconsciência do eu, 
  • Preocupação anormal com alguns objetos, 
  • Resistência a mudanças no ambiente,
  • Diminuição ou aumento de sensibilidade aos estímulos sensoriais,
  • Reação de ansiedade excessiva ou ajuda em resposta à menor mudança, 
  • Perturbação da linguagem e da fala, 
  • Perturbações da motilidade (hiper ou hipoatividade),
  • Desempenho assimétrico nos testes de inteligência com área de funcionamento normal a superior intercaladas com áreas de atraso no desenvolvimento intelectual.

Na infância/adolescência, fatores relacionados ao desenvolvimento cognitivo e emocional influenciam a apresentação clínica dos quadros psicóticos. Os sintomas possivelmente presentes nesta faixa etária são: 

  •  Ideias delirantes,
  •  Alucinações,
  •  Sintomas negativos,
  •  Discurso e comportamento desorganizados ou catatônicos. 
  • Dificuldades de se afastar da mãe;
  • Problemas na compreensão do que vê;
  • Problema na compreensão dos gestos e da linguagem;

Quando o primeiro episódio psicótico ocorre na infância/adolescência, tende a cursar com baixo nível de funcionamento global, sendo o diagnóstico mais frequente psicose sem outras especificações. É durante a adolescência que boa parte dos casos de esquizofrenia (ESQ) e de transtorno bipolar (TB) tem suas primeiras manifestações, sendo este um período de grande aumento na incidência destes transtornos. Devido à grande sobreposição da sintomatologia desses dois transtornos, principalmente nos primeiros episódios, pode ser difícil o diagnóstico diferencial entre ESQ e TB em fase maníaca ou depressão com sintomas psicóticos. 

Quadros de grande intensidade e início abrupto são mais sugestivos de patologias orgânicas ou intoxicações do que quadros insidiosos. A investigação etiológica do quadro psicótico deve descartar alterações físicas por meio de adequada avaliação clínica e neurológica, exames laboratoriais, de neuro imagem e eletroencefalograma. 

O uso de substância psicoativa também deve ser descartado por meio da dosagem de metabólitos no sangue ou urina. Como ansiosos ou conversivos. A falta de evidências de etiologia orgânica em determinado momento não exclui esta possibilidade. Deve-se estar especialmente atento a sinais como longa duração do quadro e sintomas neurológicos duradouros. Além disso, quadros conversivos e ansiosos podem sobrepor-se a patologias clínicas. Quadros dissociativos com: perda de consciência, síncope, disfunções motoras ou sensoriais podem assemelhar-se a crises epilépticas. Neste caso, são necessários exame neurológico e eletroencefalograma.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Distúrbio Autista é cerca de três vezes mais comum em meninos que em meninas. Em relação a população em geral, é de cinco em cada dez mil pessoas. Para Grunspun (1999), as estimativas epidemiológicas da prevalência da esquizofrenia com início na infância não são precisas e são calculadas na população infantil em torno de 0,04%. A incidência é, em crianças, acima de sete a oito anos de idade e é igual para os dois sexos.

O tratamento medicamentoso dos quadros agudos envolve o uso de neurolépticos em doses variáveis, dependendo da gravidade dos sintomas e da relação peso/altura da criança/adolescente. Os neurolépticos de perfil sedativo podem ser utilizados em casos de insônia ou agitação associados. Indivíduos com maior nível de agitação podem necessitar de medicação intramuscular, que resulta em níveis séricos próximos de duas vezes maiores que a via oral.

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