Moradores do interior de São Paulo lutam contra a construção de um lixão
- 03:39
- By simoni
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Uma área de 1,3 milhão de metros quadrados com vegetação natural,
criação de 30 búfalos e cinco nascentes que pertencem ao Ribeirão do
Colégio, principal manancial que abastece os 19 mil moradores da cidade
de Araçariguama, no interior de São Paulo, está ameaçada. O vasto verde
da Fazenda Nova Esperança receberá o vaivém de caminhões que levarão
toneladas de lixo ao aterro sanitário que a empresa Proactiva Meio
Ambiente, do grupo multinacional Veolia, pretende construir. Por medo de
terem seu lençol freático contaminado, a população do município, a 55
quilômetros da capital, trava uma batalha judicial contra a empresa, por
meio de uma ação popular. O documento questiona algumas etapas do
processo de licenciamento, que envolvem um parecer técnico da Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e uma autorização de uso e
ocupação do solo concedida pelo então prefeito Roque Normélio Hoffmann
(PSDB), comprada em 2009 por R$ 10 milhões.
Faz três anos que a população entrou com uma ação popular, de autoria
do advogado Mario Luiz De Marco, para impedir a construção do aterro.
“Apontamos riscos iminentes de contaminação e possíveis problemas de
abastecimento”, diz Dr. Mario. A Cetesb avaliou o local e, mesmo com
todos os problemas, concedeu a licença. Há um ano e meio, o Tribunal de
Justiça de São Paulo (TJ-SP) exigiu que fosse feita uma perícia no
local, que ainda não foi realizada. Segundo o advogado da cidade, em
2014 houve outra avaliação, feita a pedido do MP de São Roque. Esta
considerou o local inadequado para a instalação do aterro. Em
contrapartida, o advogado da Proactiva, Douglas Nadalini, afirma que
nunca foi feita uma vistoria no terreno. Segundo ele, a solicitada pelo
TJ-SP será a primeira. “A perícia está em andamento, mas o aterro pode
ser construído”, afirma de Marco.
A SITUAÇÃO HOJE
Em 2017, a novela ganhou novos capítulos. A prefeita eleita, Liliana
Aymar (PV) , se colocou contrária à criação do lixão. Como primeira ação
na prefeitura, criou um decreto para revogar todas as licenças e
autorizações referentes ao aterro e redigiu um projeto de lei que
institui aquela área como parque ambiental. “Acredito que os vereadores
serão favoráveis ao projeto de lei e vamos dar fim a isso”, disse
Liliana. Sobre as novas ações, o advogado Nadalini disse que estão
“avaliando os reflexos que elas podem ter e as eventuais medidas que
podem ser tomadas.”
A criação do aterro também preocupa o Instituto Butantan. A dois
quilômetros de onde ele poderá ser construído acontece a produção do
principal centro produtor de vacina do País, na Fazenda São Joaquim,
onde cerca de 850 cavalos são cuidados para a criação de plasma para
soros e vacinas. “É um problema grave para o meio ambiente e para a
saúde pública”, diz Marcelo de Franco, diretor substituto do Instituto. O
professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências
Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), Wellington Luiz de
Araújo, fala que a grande preocupação é o chorume que tende a escorrer
do lixo e pode ser filtrado pelo solo, infectando os mananciais. “Uma
vez contaminado um manancial, a recuperação disso é extremamente difícil
e demorada.”
A Proactiva, que respondeu um processo na Justiça por indícios de um
esquema de corrupção na construção do aterro de Biguaçu, em
Florianópolis (SC), em 2008, disse, por meio de sua assessoria de
imprensa, que “a empresa implantará outro ponto de captação da Sabesp e
que estarão responsáveis pela preservação do manancial. Caso haja
contato com chorume, medidas serão tomadas imediatamente”. A Cetesb
informou que emitiu uma licença porque foram cumpridos todos os
requisitos técnicos e legais.
Fonte: istoé
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